
CONHECER TAROUQUELA
QUINTA DAS GIESTAS
HISTÓRIA
A Quinta das Giestas não existia como tal. Era um monte que ia desde um caminho que corresponde hoje à estrada nacional 222, desde o Quiterinho até ao Urbão. Foi um endinheirado brasileiro que a mandou construir de raiz durante a I República, nos moldes em que é hoje conhecida, incluindo o seu palacete, que é do início da década de vinte do século passado.

Com o golpe de Estado de 1926 foi iniciada uma forte perseguição aos maçónicos, e o dono da quinta, sendo maçónico, passou a estar vigiado pelas autoridades da freguesia. Tendo receio de o denunciar, o regedor da freguesia vingou-se no seu criado predileto, acusando-o de lhe ter roubado um presunto, um alqueire de milho e uma talha de azeite para fazer uma festa na Quinta das Giestas.

Alexandre Teixeira cumpriu a pena de sete anos na Ilha do Sal, e regressou a Portugal em 1936, num navio cargueiro, como escrevo a bordo. Quando chegou à aldeia voltou para a família, mas ninguém lhe dava trabalho porque era tido como sendo maçónico, o que representava uma ignomínia na aldeia. Foi então que o pai do Dr. Noronha, famoso médico de Moimenta, e também de fortes simpatias maçónicas, quem o aceitou para ser seu criado e trabalhar nas suas terras.


Por curiosidade histórica esse brasileiro, de nome Joaquim, era maçónico, e tinha um criado pedreiro, de seu nome Alexandre Teixeira, que ajudou a construir tudo o que ali existe. O referido Alexandre Teixeira era o avô dos Teixeiras da Casa das Eiras, a que eu próprio pertenço. O fundador da Quinta das Giestas gostava tanto do seu criado Alexandre Teixeira que foi padrinho de um filho seu, de nome Joaquim Teixeira, meu próprio pai, dando-lhe o nome de Joaquim em honra do padroeiro da capela da quinta, dedicada a S. Joaquim.

Em consequência dessa denúncia, completamente falsa e cujo objetivo era apenas castigar o próprio dono da quinta, o criado, Alexandre Teixeira, (meu avô), foi preso, julgado em Cinfães, e condenado a sete anos de degredo, na Ilha do Sal, em Cabo Verde, obrigado a trabalhar nas minas de salgema, sem qualquer salário.
Desgostoso com a injustiça cometida com um julgamento totalmente falso, o dono e fundador da quinta enforcou-se na escadaria do palacete.

A família Teixeira sempre escondeu esta história, por vergonha pública, cabendo-me a mim reabilitar o bom nome do meu avô, atribuindo o seu nome (Alexandre Teixeira) ao meu irmão mais novo, já falecido. E assim se fez justiça… Depois da morte do fundador, a Quinta das Giestas mudou várias vezes de dono, até aos nossos dias.
Texto gentilmente cedido por MFT