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IGREJA DE SANTA MARIA MAIOR

O ANTIGO MOSTEIRO DE TAROUQUELA

Datado de meados do Séc. XII, o Mosteiro de Tarouquela foi um dos primeiros mosteiros femininos existentes a sul do rio Douro.

 

A primeira referência à sua existência acontece em 1162 mas apenas em 1170 o mesmo é reconhecido pelo Bispo de Lamego. Em 1186, durante o reinado de D. Sancho I ,é atribuído o foral do Couto do Mosteiro de Tarouquela. Este era limitado, ao norte, pelo rio Douro; ao sul e ao nascente, por padrões que o separavam das (atuais) freguesias de Piães e Moimenta, e a poente pela freguesia de Souselo.

Reza a história que o Mosteiro foi mandado construir em terras outrora pertencentes a Egas Moniz, dito o Aio de Afonso Henriques; e sua mulher (1134). Essas terras foram adquiridas por Ramiro Gonçalves e sua esposa D. Ouruana Nunes que aí fundaram o Mosteiro de Tarouquela seguindo a Ordem das Cónegas Regrantes de Santo Agostinho.

Embora Tarouquela seguisse inicialmente a Regra de Santo Agostinho, com D. Urraca Viegas, filha de Egas Moniz de Ortigosa, alterou-se o hábito e as monjas passaram a professar a Regra beneditina.  Tal ato que tanta confusão causou entre autores antigos e modernos, os quais sugeriram a fuga de D. Urraca para Tuias. 

No entanto, tudo parece indicar que ainda antes do final do século XIII (entre 1187 e 1194) a futura abadessa (sabe-se que, em 1220, D. Urraca Viegas recebeu o véu da mão de D. Pelágio, bispo de Lamego, como abadessa de Tarouquela) conseguiu operar uma alteração da regra com o consentimento dos familiares. Os herdeiros da Igreja doaram-na a D. Urraca Viegas e às freiras que com ela viviam no Instituto Beneditino de Salzedas. Estes, porém, não deixaram de participar nos destinos desta instituição, transformando-a frequentemente em espaço privilegiado para sustento e promoção social e linhagística.

Gerido por dinastias de abadessas, a história deste Mosteiro cruza-se com a das famílias mais notáveis da região. A influência dos Resendes deixou-se de sentir quase simultaneamente em Tarouquela e em Cárquere (Resende), onde foi sepultado Vasco Martins de Resende, sobrinho de D. Aldonça, abadessa documentada na passagem do século XIII para o XIV e que foi uma das mais ativas com um longo período de gestão, que lhe permitiu dispor de bens dentro do seu círculo familiar. 

É natural que com a cessação da influência dos Resendes, o abadessado fosse parar às mãos de familiares e padroeiros do Mosteiro, ainda que temporariamente. No século XIV encontramos Tarouquela nas mãos dos Pintos, de Ferreiros de Tendais. A partir do século XV as sobrinhas sucedem às tias, mantendo o poder numa família muito ligada às elites urbanas do Porto. 

No século XV já se verifica algum declínio no Mosteiro. Além do seu caráter intrinsecamente familiar, do seu isolamento físico e da sua dimensão, nota-se algum desmazelo por parte das monjas tarouquelenses. As abadessas quebravam muitas vezes os votos celibatários e agiam conforme os seus interesses pessoais.

Em 1535, instala-se em Tarouquela uma regedora, a abadessa de Arouca, D. Maria de Melo, para serenar os ânimos derivados da vontade régia de extinção do Mosteiro e preparar a transição para São Bento da Avé-Maria, no Porto, em 1536. Este Mosteiro, fundado em 1514 por D. Manuel I (r. 1495-1521), fora construído para reunir num só lugar as monjas de diversos institutos femininos, como foi exemplo Tarouquela.

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D. Afonso Henriques
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Egas Moniz
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São Bento
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D. Sancho I
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D. Manuel I
Imagem do Convento de São Bento da Avé-Maria no séc. XIX. Na atualidade aí se situa a Estação de São Bento. @monumentos desaparecidos
Convento de São Bento da Avé-Maria

A IGREJA DE SANTA MARIA MAIOR

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Igreja Santa Maria Maior (1951)
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Igreja Santa Maria Maior (1976)
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O mosteiro subsistiu até ao dia de Reis de 1535 e ao longo dos séculos seguintes os sinais da presença física do Mosteiro foram desaparecendo sendo que na atualidade apenas resta aquele que é o símbolo maior da Freguesia de Tarouquela: a Igreja de Santa Maria Maior.

A história de Tarouquela explica-nos bem os testemunhos artísticos que as várias épocas nos legaram nesta Igreja que foi monástica. Embora a fundação do Mosteiro de Santa Maria de Tarouquela remonte ao século XII, os testemunhos românicos presentes apontam-nos para uma cronologia mais recente, já de inícios do século XIII. 

A arquitetura e ornamentação desta Igreja românica traduzem o que se fez de melhor neste território. A escultura patente nos portais, frestas, capitéis, cachorros, tímpano e cabeceira, atestam uma riqueza plástica que, acima de tudo, pretende passar uma mensagem simbólica.

A ornamentação patente na escultura da cabeceira, tanto ao nível exterior como interior, dá corpo a um dos melhores exemplares da arquitetura românica em território português. Apesar de ter sofrido um aumento, na Época Moderna (séculos XVII/XVIII), para receber o altar-mor, aproveita o aparelho românico, comprovado pela abundante presença de siglas de canteiro.

O reconhecimento da importância histórica da Igreja de Santa Maria Maior veio a acontecer no século XX. Em primeiro lugar surge, em 1945, a classificação da Igreja de Tarouquela como Monumento Nacional. Durante a década de 70 são realizadas as principais obras de restauro, a cargo da DGEMN. Em 2010 a Igreja de Santa Maria Maior de Tarouquela é integrada na Rota do Românico. Finalmente entre 2014-2015 são realizadas obras de conservação geral da Igreja ao nível das coberturas, paramentos e vãos exteriores, no âmbito da Rota do Românico.

Igreja Santa Maria Maior (2019)

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TIAT - Cinfães
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Este é um projecto realizado no âmbito do estágio final do curso de Técnico de Informação e Animação Turística com o apoio da Junta de Freguesia de Tarouquela.

 

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